Inovações, novas estratégias, conceitos e criatividade são questões que diariamente despertam muita atenção de todas as pessoas, seja por desejo, por necessidade, por escolha ou por impulso.
A inovação é mais do que algo idealista, se torna incansavelmente mágica, viciante e apaixonante. Conforme as pessoas se desenvolvem e evoluem seus estudos a respeito da inovação, mais potencial criativo é absorvido.

A Criação da Inovação Disruptiva
Com paixão pela inovação e seu processo, diversos nomes como Steve Jobs, fundador da Apple e Reed Hastings, cofundador e CEO da Netflix, foram profundamente influenciados pelas ideias do ex-professor de Harvard Clayton Christensen, falecido em 2020, deixando um imenso legado no que diz respeito à inovação, sendo uma grande referência nesse sentido.
Em meados de 1990, Christensen materializou parte de seus conhecimentos em sua obra “O Dilema da Inovação”, onde criou a teoria da inovação disruptiva. Hoje em dia, a obra é considerada base para milhares de pessoas e empresas na implementação de projetos de inovação.
À medida que empresas como Mcdonald’s, Apple, Netflix e Amazon se propuseram a transformar seus setores de forma drástica, a expressão ganhou ainda mais relevância, sendo amplamente usada por diversos autores, empresários e referências no mundo dos negócios.
A matriz e os 4 tipos de inovação
Com o avanço nos estudos sobre inovação, foi possível classificar as inovações em quatro tipos: incremental, radical, disruptiva e arquitetônica. Cada uma possui sua particularidade e podem ser melhor entendidas na imagem da matriz abaixo, seguida das explicações após a imagem.

1. Inovação Incremental
A inovação incremental é a mais comum entre todas as outras e visa otimizar produtos, serviços ou processos internos que já existem. O grande objetivo desse tipo de inovação é acrescentar pequenas melhorias progressivamente, com o intuito de se diferenciar competitivamente em relação aos concorrentes.
Na inovação incremental, as dores dos clientes são conhecidas e as melhorias são aplicadas a partir disso. Como exemplo é possível citar um software de gestão, onde não é necessário discernir toda a estrutura, e sim adicionar melhorias ao longo do tempo.
2. Inovação Radical
Totalmente diferente da anterior, a inovação radical é a construção do zero de um produto ou serviço a fim de criar algo que seja novo e que se aproveite de uma fatia ou um nicho de mercado que não está sendo atingido pelas empresas.
Mesmo com diversos benefícios relacionados ao produto e fidelidade à marca pioneira, o trabalho e investimento da empresa que opta por esse tipo de inovação é imensamente maior, pois é necessário educar o público e de gerar necessidade neles.
Apesar de usar muita tecnologia, o foco da inovação radical é explorar novas alternativas e soluções para um produto. Inclusive, em diversas situações é feita em um mercado totalmente diferente do mercado original.
3. Inovação Disruptiva
A inovação disruptiva é, sem dúvidas, a mais comentada entre todas as outras. Diferente da radical, normalmente é uma nova tecnologia mudando totalmente os rumos e diretrizes de um mercado já existente. É uma inovação que promove uma ruptura de paradigmas e assim, forma novos hábitos de consumo gerando infinitas possibilidades para outros negócios.
Dois grandes exemplos são a Uber e a Netflix, ambas começaram a atuar em mercados já existentes. A primeira delas buscava resolver uma delas buscava resolver os problemas de mobilidade urbana, oferecendo serviços melhore e utilizando a tecnologia como meio para disruptar o mercado atingir seus objetivos
Já a Netflix se concentrou em oferecer acessibilidade e resolver questões básicas que melhoraram e deram mais comodidade aos clientes. Nesse caso, a empresa foi responsável pelo fechamento de diversas concorrentes que atuavam no modelo tradicional, alugando fitas e DVD’s em pontos físicos, pois não se atentaram às evoluções do mercado.
4. Arquitetônica
A Inovação Arquitetônica tem como característica principal modificar ou adaptar soluções, produtos e modelos de negócio já existentes, porém em mercados ou setores totalmente novos. Nesse tipo, não necessariamente é exigido avanço tecnológico.
Como exemplo é possível citar os mercados em condomínios, onde um modelo de negócio já existente foi levado para um novo local, ou seja, explorando um mercado novo sem precisar fazer fortes investimentos em tecnologia.
Inovação Aberta e Fechada
Para iniciar qualquer tipo de inovação dentro de uma empresa, é importante distinguir as diferenças entre inovação aberta e inovação fechada. Esses pontos são fundamentais para entender o processo e na tomada de decisão para escolher qual modelo faz mais sentido de acordo com a necessidade da empresa.
Na inovação aberta, a empresa busca informações de diversas fontes, inclusive contratam consultorias especializadas para contribuir com o processo. É um modelo mais colaborativo e moderno, com bastante potencial de gerar resultados positivos
Já a inovação fechada é aquela que a empresa desenvolve 100% internamente, criando todas as ideias e soluções. As organizações que adotam esse modelo acreditam que a confidencialidade da estratégia pode gerar resultados positivos no futuro, porém, muitos casos já provaram que o sucesso de uma iniciativa não depende somente da ideia, mas principalmente da execução.
Inovações de Configuração
As inovações de configuração são aquelas referentes ao funcionamento interno da empresa. Dentro das inovações de configuração é possível encontrar tipos de inovação de modelo de lucro, de rede, de estrutura e de processos. Abaixo será abordado de forma específica sobre cada um desses tipos.
Modelo de Lucro
Esse modelo de inovação diz respeito à forma com que a empresa faz dinheiro. Existem várias formas de inovar e ser criativo na hora de monetizar, como, por exemplo, por meio de assinatura, marketplace, anúncios, freemium, tickets e inúmeras outras formas.
Como exemplo prático de inovação nesse sentido é possível citar a versão free do Spotify. Muitas pessoas não têm condições de arcar com os custos mensais da assinatura premium da empresa.
Por conta disso, a empresa inovou no modelo de monetização, oferecendo contas gratuitas, porém, com a presença de anúncios. Dessa forma, o Spotify ao invés de receber dinheiro dos ouvintes, recebe dos anunciantes.
Rede
A inovação em rede, cada vez mais comum no mundo empresarial, tem como objetivo criar conexões e gerar benefícios para todos os stakeholders. Nesse modelo, as empresas formam parcerias capazes de suprir as necessidades individuais de cada uma.
As inovações de rede muitas vezes são confundidas com trade marketing, pois ambas objetivam a extração de valor entre todos os parceiros da empresa, buscando gerar uma relação de ganha-ganha entre todos os envolvidos.
Nas redes, as empresas estão, de certa forma, dividindo tarefas que antes eram centralizadas. Por conta disso, é possível afirmar que os riscos, por estarem divididos com outras empresas, são reduzidos. Porém, os lucros também são repartidos entre elas.
Estrutura
O modelo de inovação de estrutura diz respeito à forma com que a empresa inova na estrutura interna do negócio, visando obter máximo retorno com a iniciativa.
Muito usado em empresas B2B, demonstra que muitas respostas e saídas estão dentro da própria empresa e não necessariamente naquilo que oferta ao cliente, assim então obtendo muito lucro dos ativos.
Como exemplo, é possível citar o Airbnb. Brian Chesky, um dos fundadores da empresa, é formado em design industrial e utilizou dos conhecimentos adquiridos na graduação para transformar cada canto do escritório em recriações de alguns imóveis listados na plataforma.
Dessa forma, Brian uniu o talento (ponto forte da empresa) e ativos, gerando alguns pontos positivos para a organização, como, por exemplo, bem estar dos colaboradores, que, por conta da iniciativa, tiveram boas experiências no ambiente de trabalho.
Processo
As inovações de processos dizem respeito à forma com que os colaboradores inovam na forma de desempenhar uma atividade. Esse modelo está, em sua grande maioria, no nível operacional da organização.
As inovações de processo tem como objetivo aumentar a produtividade e eficiência do negócio utilizando uma metodologia simples e ágil, transformando uma atividade complexa em algo mais descomplicado.
Clarence Bleicher, um executivo automobilístico da década de 1940, fez a seguinte afirmação que resume perfeitamente o modelo de inovação de processo:
“Eu escolho uma pessoa preguiçosa para fazer um trabalho difícil, pois ela encontrará uma forma fácil de fazê-lo.”
Inovações de Oferta
A inovação de oferta é aquela focada exclusivamente em um produto ou serviço específico de uma empresa. Nesse sentido, existem dois tipos de inovação de oferta: performance de produto e sistema de produto. Ambos serão explicados abaixo.
Performance de Produto
As inovações de performance de produto são aquelas que buscam melhorar um determinado produto ou serviço, podendo, inclusive, resultar em novos produtos e serviços. Pode-se entender como uma evolução de algo existente.
Muito ligada ao conceito incremental, é possível citar as câmeras de celular como exemplos de performance, pois é uma melhoria aplicada a um produto específico, capaz de gerar resultados positivos pela sua aplicação pelo fato de estar adicionando mais uma funcionalidade ao dispositivo.
Sistema de Produto
Já as inovações do sistema de produto dizem respeito a produtos ou serviços complementares ao principal, como, por exemplo, as vendas casadas. São, resumidamente, inovações complementares ao produto principal.
A Apple e Samsung se destacam nesse sentido, criando produtos complementares uns aos outros, criando experiências que produtos de outras marcas não são capazes de entregar.
Por conta disso, muitas pessoas possuem vários produtos de uma mesma marca, como, por exemplo, Ipad, iPhone, AirPods, Apple Watch e MacBook, quando se pensa em Apple. É visível a integração entre os produtos e a forma em que eles interagem entre si, exemplificando perfeitamente uma estratégia de inovação de sistema de produto bem sucedida.
Inovações de Experiência
As inovações de experiência, como o nome já diz, estão relacionadas à experiência dos clientes com a empresa durante toda a jornada de compra. Existem quatro tipos de inovação nesse sentido: serviço, canal, marca e engajamento.
Serviço
Esse tipo de inovação diz respeito a mudanças no serviço de uma empresa, como, por exemplo, no atendimento aos clientes e nos serviços de entrega dos produtos. O objetivo nesse tipo de inovação é melhorar a experiência do cliente.
Uma pesquisa da PWC, consultoria de gestão, mostrou que os clientes estão dispostos a gastar mais e serem mais leais a empresas que se preocupem e que ofereçam uma experiência de compra de qualidade. Dessa forma, a inovação de serviços se mostra muito relevante.
Canal
A inovação diz respeito a forma com que um produto ou serviço chega até o cliente. Para aumentar o número de clientes, as empresas têm como objetivo estar em vários lugares para estar mais próximo do público.
Nos últimos anos, os canais digitais ganharam muita relevância, pois quebra barreiras de distância e permite que as empresas vendam para um público infinitamente maior, espalhado por todos os cantos do país e do mundo.
Porém, as lojas físicas ainda são muito relevantes e não devem ser deixadas de lado. Nos últimos anos, o varejo tende para uma integração entre os canais, conhecida como estratégia omnichannel.
Marca
As inovações em relação a marca diz respeito a forma com que o consumidor enxerga determinada empresa. O objetivo desse tipo de inovação é garantir que os clientes lembrem da empresa e optem por ela quando identificarem uma necessidade de compra.
Para isso, é necessário investimento e trabalho para criar uma imagem forte para a empresa e seus produtos. Criar uma marca forte é mais do que superar a concorrência, é estar alinhado às tendências e necessidades atuais.
Nos últimos anos, a pauta ESG passou a ser uma prioridade para diversas empresas, tendo em vista que os consumidores estão mais propensos a escolher por empresas que se preocupem com essas iniciativas. Diante disso, as companhias estão trabalhando para construir suas marcas nessa linha.
Engajamento
Inovações no engajamento são aquelas que auxiliam as empresas a gerar conexões verdadeiras com os clientes, além de contribuir com a comunicação entre as partes. O objetivo nesse sentido é, como o nome já diz, buscar o engajamento dos consumidores, para que ele seja mais fiel à empresa.
Existem várias formas de conquistar novos clientes, e investir em Customer Experience é uma delas. Uma experiência de compra estrategicamente planejada tem potencial para se tornar inconfundível na cabeça do cliente.
A Amazon é um grande exemplo de engajamento. A velocidade de compra e entrega da empresa é surpreendente e, por conta disso, a experiência de compra se torna surpreendente, fazendo com que os clientes engajem com a marca e façam indicações para amigos e familiares.
Etapas do processo de Inovação
Escolher qual tipo de inovação utilizar não é tarefa fácil e exigirá demasiada reflexão. Há diversos tipos de inovações e geralmente é utilizado mais de um tipo, pois eles podem se complementar e entregar um resultado ainda mais positivo.
Por fim, o planejamento de curto, médio e longo prazo devem ser feitos e revistos quantas vezes for necessário, para que nenhum ponto importante seja deixado de lado. Além disso, é importante aplicar apenas os tipos realmente necessários, pois o excesso de informações pode confundir a cabeça do cliente sobre a imagem que a empresa quer passar.
De forma sucinta, existem 6 marcantes etapas em um processo de inovação:
1. Geração de Novas Ideias: o momento inicial que tem objetivo de questionar o produto, serviço e empresa que já existe, com o objetivo de trazer novas oportunidades. É o momento onde as cabeças criativas se reúnem a fim de resolver problemas e criar soluções diferenciadas.
2. Avaliação/Funil: é a viabilização do projeto, seja financeira, como processual, para colocar em prática.
3. Experimentação: a fase de testes A/B é o meio do processo, porém, a fase mais importante, pois “somente quando temos o avião na pista é que conseguimos ver/sentir tudo”, assim identificando o que funciona, o que é necessário revisar ou melhorar.
4. Comercialização: é a fase em que o produto é oferecido ao mercado.
5. Acompanhamento: um projeto, seja ele de produto ou serviço, deve ter atenção constante da equipe após implementação, sempre em busca de feedbacks e feedforwards.
6. Evolução e Inovações futuras: essa é denominada uma tarefa futura, onde uma equipe selecionada se encontrará disponível quinzenalmente, mensalmente (a critério) para buscar tendências que podem mudar, moldar ou afetar o produto/serviço inicial, mas também atentos ao público escolhido e suas novas necessidades apresentadas em frente a novos mercados.
Conclusão
Novas tendências aparecem todos os dias e de fato é sim importante estar atento, mas, não necessariamente é preciso agir diante todas elas. O mesmo deve ser levado em consideração quando citado as “ameaças” aos negócios, afinal nem toda ameaça é uma prioridade.
As Inovações Disruptivas podem até ser complexas de serem executadas (afinal, é necessário profundo conhecimento e experiência na área onde deseja atuar), mas todas (ou pelo menos assim deveria ser) tem a intenção de simplificar algo, seja um produto, serviço ou uma jornada de um cliente.
Portanto, inovar não é pensar em algo impossível ou difícil de ser explicado, Inovar é simplificar algo para alguém.